sexta-feira, 29 de abril de 2011

Tem um tempo que não consigo escrever nada para postar...

A primeira coisa que imaginei ser quando crescesse foi escritora. Meu tio me deu uma máquina de escrever na esperança que eu concretizasse o meu sonho. Cheguei mesmo a escrever um livro inteirinho um pouco depois quando meu pai já tinha um computador: A vida de Bill. Ainda cheguei à metade de outra criação: O jardim de Deus.
Depois pensei em ser analista de sistemas, jornalista, compositora, professora, advogada, contadora, psicóloga... rs. Mas, nunca abandonei a vontade de escrever um livro. Eu amava livros. Quando eu era pequena, lembro-me, passava horas dentro do quarto lendo. Já cheguei ao ponto de ler, em determinada semana, 22 livros por dia.
Era como um refúgio. Sentia-me facilmente rejeitada e subestimada na presença dos outros, principalmente quando eles se dirigiam ou se referiam a mim... E nos livros eu tinha meu escape. Era como um: “vocês vão ver só”. Nos livros eu me sentia inteligente, capaz, com um futuro brilhante pela frente. Não, não um futuro tão promissor, como vocês podem estar imaginando. Mas, um futuro todo planejadinho, onde eu fosse independente e autossuficiente (a palavra é feia, mas é assim que se escreve agora, rs), onde eu não precisasse de nenhum deles.
De tempos em tempos, eu tento escrever alguma coisa. Já consegui escrever um livreto e até publicá-lo, numa tiragem de um pouco mais de cinqüenta, eu acho. Esforce-se para viver era o título. Mas é como se eu engravidasse sem querer. E, de repente, chegasse a hora de dar à luz. Em outros momentos, quando quero e me esforço muito para começar uma carreira (rs), eu não consigo passar da primeira linha de texto. E me sinto muito impotente por isso.
Alguns dizem que escrevo bem. Talvez até eu lide satisfatoriamente com as palavras, mas não me sinto muito criativa hoje. Para escrever, eu precisaria, em primeiro lugar, de criatividade. Hmmm... Um muso inspirador... kkkk
Não necessariamente um amor, um homem, um namorado, eu diria. Mas, uma paixão por algo que soprasse fertilidade às minhas idéias. Uma paixão por algo que valesse a pena, que fosse verdadeiramente consistente e não se despedaçasse ante a investida de qualquer nova filosofia...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Glória da Manhã"

Plantei na frente da minha casa, uma trepadeira. Nome bonito: “Glória da Manhã”. Pensei que o ipê, que neste período do ano está triste e sem cores, se alegraria se o seu tronco cinza se cobrisse de flores azuis. E assim foi. As sementes germinaram rápidas, os ramos cresceram esguios e sinuosos, e a rua se encheu logo de uma cor nova...
Acho esta flor muito especial.
Primeiro, pela beleza. Simetria pentagonal, quase circular. Uma única pétala, em forma de cálice. E o azul claro, quase transparente. Ela se abre logo que o sol aparece. Daí o seu nome, “Glória da Manhã”.
Isso tudo é alegria. Walt Whitmann dizia que uma “Glória da Manhã” na sua janela lhe trazia mais prazer que todos os livros de filosofia. Com o que eu concordo. Porque aquela flor fala alguma coisa. Nós sempre conversamos...
Mas há uma tristeza: é efêmera. Lá pelas doze horas, quando o calor é mais intenso, começam a aparecer no azul sinistras estrias roxas, sinal de que o fim está chegando. Sua vida não dura mais que sete horas. Logo a pétala se enruga, murcha, enrola-se, torna-se toda roxa. Morreu. Nunca mais. Se o Vinícius a tivesse visto talvez tivesse mudado o seu poema: “Não é eterna, posto que é flor, mas é infinita enquanto dura...” Comove-me a sua tranqüila beleza pela manhã – sem saber que em breve estará morta. Ou saberá? Talvez seja por isto mesmo, por saber, que ela se abre com beleza tão intensa... Sabe que não há tempo a perder, que é inútil lamentar, que só lhe resta ser bela. Fico pensando se o mesmo não aconteceria conosco. Talvez, se percebêssemos que somos efêmeros como a “Glória da Manhã”, seríamos tão belos quanto ela. Mas a manhã seguinte nos reserva uma surpresa. Porque a trepadeira que viu morrer, na véspera, as dezenas de flores que a cobriam, já se havia preparado. E outras tantas se abrem de novo, ao nascer do sol, repetindo a mesma beleza, a mesma tristeza, como se fosse um tema que se renova sem cessar: vida e morte, vida e morte...
Gostaria de poder ser como ela: viver intensamente o momento que me é dado, fiel apenas à beleza que mora em mim.
Disse que plantei. Ela nasceu, cresceu, floriu. Acho que alegrou muitos que por ali passaram. Mas alguém se ofendeu com beleza tanta. E a arrancou. Tentei replantá-la, mas foi inútil. A vida, por vezes, é assim. Dado o golpe letal, ela não se recupera. Pensei nessa absurda assimetria entre a vida e a morte. A vida, para ser, leva tempo, demanda paciência, exige cuidados, há que se esperar. Mas a morte vem súbita e definitiva. Uma árvore leva anos a crescer. O machado a abate em poucos minutos. Espantou-me uma coisa inesperada: que ela continuou a florescer mesmo depois de cortada, por dois dias. Imaginei que o seu desejo de viver era de tal forma intenso que ela ajuntou a pouca seiva que restara nos seus ramos e floriu de novo, a mesma beleza, sem nenhuma mágoa, sem nenhum espinho. Lembrei-me do poema da Cecília Meireles:
“Sede assim – qualquer coisa serena, isenta, fiel. Flor que se cumpre sem pergunta”. A morte me entristeceu. Não a morte que acontece, depois de sete horas de vida, quando a flor já cumpriu o seu destino. Mas a morte que mora na alma dos homens. De que coisas não é capaz uma pessoa que destrói uma flor...
Mas não importa.
Guardei as sementes.
E já semeei de novo.
Em breve haverá uma outra “Glória da Manhã”, em volta do mesmo ipê.
É Domingo de Páscoa.
Triunfo da vida sobre a morte.
Um bom dia para semear uma flor...


(Tempus Fugit, Rubem Alves)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Ouro de Deus em Minha Mão

“No minuto em que iniciei minha sociedade com Deus, o negócio floresceu”, diz R. G. LeTourneau, fundador de uma companhia que fabrica máquinas pesadas para construção de estradas.
Ao entrar em sociedade com Deus, ele estabeleceu nos livros uma conta sob o título “O Tesouro do Senhor”, e colocou 90 por cento do estoque da companhia em nome do Senhor. LeTourneau colocou 10 por cento do estoque em seu próprio nome. Assim, ele guardava 10 por cento dos lucros para si, e dava ao Senhor 90 por cento. Por acaso a companhia foi à falência?
O sócio do Senhor tem isto a dizer acerca do caso: “No ano seguinte minhas vendas foram acima de 100 mil dólares. No segundo ano, 150 mil. No terceiro, mais de 200 mil. Depois, marcamos 400 mil. E continuou indo assim, em saltos e pulos. Em 1939, nossas vendas foram mais de 7 milhões; posteriormente, 40 milhões de dólares.
Olhando para trás, aos resultados de sua sociedade com o Senhor, declara: “Os dividendos de Deus têm subido a mais de 10 milhões de dólares.... Minha filosofia é muito simples. Gosto de desenhar maquinismos, ligar a força e ver como operam. Gosto também de falar ao povo acerca do poder do evangelho, e vê-lo operar em sua vida. Jesus esteve pronto a Se fazer pobre, para que por meio de Sua pobreza pudéssemos nos enriquecer. Não penso que meu cérebro fez todo esse dinheiro. Creio que o Senhor me tornou possível ganhá-lo, e estou apenas devolvendo a Deus o que Lhe pertence. Minha divisa é ‘Não quanto de meu dinheiro dou a Deus, mas quanto do dinheiro de Deus guardo para mim’. Assim, por todo êxito que tenho obtido, agradeço humildemente a Deus.” - Citado em O Ouro de Deus em Minha Mão, por Denton e Rebok, 1988.