terça-feira, 23 de setembro de 2014

Das letras da infância...


Eu estou sentindo falta de ter um amigo, por isso decidi escrever sobre você: José, mais conhecido como Zezinho. Eu te vi pela primeira vez quando ainda éramos crianças. Você estava começando a estudar a Bíblia e a entender sobre Deus, lembra? Você devia ter uns oito anos ainda. Eu me lembro daquela sua amiga, acho que o nome dela era Laura. Faz tempo, mas eu acho que era ela que tirava suas dúvidas sobre a fé. Como ela está? Nunca mais a vi. Acho que eu nunca te disse isso, mas eu gostava muito de passar o tempo contigo. Gostava dos seus assuntos, e também do jeito como você pensava sobre tudo. Era como se pensar te motivasse tanto que fosse a sua melhor brincadeira. Eu adorava isso. Como você deve estar agora? Já se passaram quase 20 anos. E estou emocionada de poder falar com você de novo e poder lembrar desses nossos momentos que vivemos juntos. A nossa amizade, o nosso contato foi desfeito de repente e nunca mais voltei a te ver. É claro que eu me lembrava de você constantemente e, sempre que tinha oportunidade, mencionava alguma coisa sobre você. O tempo foi passando e confesso que fui esquecendo, esquecendo, esquecendo... São tantas coisas: ensino médio, desemprego, trabalho, faculdade, desemprego de novo, namoro, família, busca por sentido. São tantas coisas. E você já não tinha mais lugar em minha mente. E eu nem fiquei sabendo mais sobre suas descobertas sobre Deus. Onde isso foi parar? Você continuou a pensar sobre isso, a buscar, curioso, entendê-Lo? Você ouvia sobre Deus não como se Ele fosse comum. Cada “graças a Deus” ou “Deus te abençoe” que você escutava te surpreendia. Qualquer “Deus me livre” te chamava muito a atenção. E você queria saber mais e mais sobre isso, sobre Ele, como algo completamente diferente de tudo o que você já tivesse visto ou ouvido falar, não importava quantas vezes você escutasse esse nome. Você era lindo, Zezinho. E era muito bom ser sua amiga. Quero te encontrar de novo. Como faço? Você pode voltar? Acho que eu não te reconheceria. Para falar a verdade, não me lembro muito bem das suas feições. Lembro-me apenas que éramos duas crianças e que éramos felizes. E que eu sempre ia atrás de você porque gostava de estar com você. Sempre buscava a sua companhia. Você lembra disso? Lembrei que você tinha cabelos pretos, uma cabeça meio redonda, e era branco e magro. Laura tinha cabelos curtos e castanhos, meio avermelhado. Ela tinha sarda. Eu acho que ela também gostava muito de sua amizade. É uma pena que eu não me dava muito bem com ela. Na verdade, não tínhamos nada uma contra a outra, apenas éramos distantes. Nós duas só ficávamos juntas porque tínhamos você como um amigo em comum. Sinto saudades, Zezinho. Espero que, de algum jeito, você volte. Gostei demais de te achar em minha mente e sentir de novo aquele mesmo carinho de sempre. Espero que a gente se encontre o quanto antes. Eu amaria saber como você está e aonde aquele jeito tão doce e tão impetuoso te levou. Deixo-te um abraço e espero que ele seja poderoso para te trazer de volta para os meus dias, para as minhas horas...

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

E os vivos?


Ela morreu tem pouco mais de três anos. "Mas, por quê?" Eu queria entender melhor... Tenho tomado vitamina de frutas quase todos os dias bem cedinho e é quase sagrado lembrar ela me dizendo o quanto faz bem comer mamão. Ouço conselhos por todos os lados para eu me vestir melhor. Como não me lembrar dela insistindo para eu trocar minhas queridas havaianas brancas por uma sandália com feche quando eu ia sair? Todo mundo diz que eu preciso engordar um pouco e eu me lembro que ela dizia o tempo todo que eu estava muito magra. Ela ia adorar meu cabelo alisado. Eu me lembro que ela não gostava das ondinhas que se formavam quando eu entupia de creme, passava a escova e prendia. Ela me chamava para morar com ela, queria que eu soubesse o quanto ela me amava e queria que eu a amasse também. Ela dizia que era uma pessoa boa e que só queria poder provar isso pra mim. Seus olhos encheram de lágrimas quando eu disse que ia embora. E eu sempre tão fria, tão irritada com tudo... Fui sem nem me despedir. Deus me deu a graça de voltar e passar com ela o nosso último natal, de receber com alegria o último presente, de vê-la de forma diferente, de sorrir com seu jeito divertido de falar. Deixei de aceitar e buscar tantos presentes, e optei tantas vezes por desvalorizar quando podia ter apreciado, e me irritei muito mais do que sorri. É incrível essa nossa capacidade de amar os mortos... Mas, e os vivos?

domingo, 14 de setembro de 2014

Quero te abraçar... sem dúvida!! É o nome desse blog!! rsrsrs



Minha cabeça está cansada, sinto como se eu não conseguisse me organizar. E parece que quanto mais estudo, mais eu me sinto impotente. Preciso definir as minhas prioridades, ou melhor, as minhas motivações. Para que exatamente eu estou estudando? 1) Para me divertir; 2) Para servir como pré-concurso; 3) Para poder prestar concurso de nível superior.
Eu não posso me esquecer desses três motivos. Eles não são tão importantes assim, tão valiosos a ponto de me fazer sacrificar coisas verdadeiramente importantes. Não posso render meus princípios aos valores distorcidos desse mundo, dessa época. Se eu mantiver vívidas em minha mente essas razões, eu saberei os limites do esforço e do sacrifício. E estou disposta a isso. Não posso deixar nada, ainda que sutilmente, assumir o senhorio da minha vida. Deus me quer livre e ponto final. É claro que ser livre tem muito a ver com compromisso. A questão é que compromissos precisam assumir posições de importância, uns devem estar submetidos a outros, sob os critérios de efemeridade e eternidade.
Estou feliz! Estudar, de fato, me diverte. Só preciso ter isso sempre em mente para que nenhum outro sentimento (de competição, por exemplo) venha roubar a minha alegria. O curso de contabilidade é de fato um bom pré-concurso, ainda mais para o ramo que desejo. Só preciso conseguir equilibrar o tempo de estudo, de maneira que eu consiga acrescentar alguns assuntos que julgo importantes na lista. O diploma, sinceramente, é o de menos. Ele é mais burocrático do que valioso em si mesmo.
Como essas considerações afetam minha prática, minha vivência no que diz respeito às coisas da faculdade? Não posso deixar meu relacionamento com Deus em segundo lugar, jamais! Deus é o primeiro sempre! E o meu tempo para Ele deve ser o de maior qualidade. Devo separar um tempo de estudo diário para os assuntos do curso de forma que eu possa desfrutar do restante do tempo da maneira correta, sendo ao mesmo tempo uma estudante aplicada, uma boa profissional e uma amiga presente, por exemplo. E devo reconhecer os meus limites, ciente de que posso progredir sempre, amando-me a mim mesma e ao meu próximo, fundamentada sempre no escandaloso amor e na escandalosa graça de Deus concedida a todos nós.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Saboreando a vida!!



Eu não estou com pressa. Saber que é importante não implica necessariamente pressa. A pressa, ao invés de promover, destrói. Destrói o prazer que rega o sonho e a satisfação de realizar. Prefiro saborear como quem começa a comer a sobremesa com os olhos e sente a boca aguar. Depois, aos poucos e bem devagar, se delicia a cada colherada, demorando a degustar. A vida, os sonhos... Os meus sonhos são assim. Sou assim com os meus sonhos. Se eu tenho medo que o tempo passe e nada aconteça? Se eu tenho medo de não terminar de comer? Pelo contrário, tenho medo de comer tudo sem sentir o sabor. Tenho medo que o monstro da obrigação abocanhe os meus sonhos e mastigue-os sem dó. Prefiro saborear a simplesmente engolir. O caminho me fascina. Não posso desprezá-lo em nome do fim. Não quero me deparar com uma grande indigestão. Estou no desjejum da vida... Permita-me me deliciar com essa magnífica refeição.

domingo, 20 de abril de 2014

Registro de reflexões. Pingos.









Uma casa no campo. O que isso pode significar?
Trabalhar muito. Isso faz bem?
Acordar bem cedo. Pra quê?
Coisas da fazenda.
Tornar-me outra.
Amar o que se faz.
Amar o que se tem de fazer.
Você não começa a viver até perder tudo o que tem.
Um amigo de verdade? Mas, o que é isso?
Um trabalho voluntário no fim de semana? Talvez isso ajude.
Precisar. Eis o X da questão.
Viajar com meu sobrinho. Quero mesmo isso. Amo o meu sobrinho.
Pelo resto da minha vida. O que é isso?
Almoçar no parque. Como um piquenique com alguém que você ama. Todos os dias.
Entender sobre tudo. Ou sobre alguma coisa. Importante.
Gastar com alguém que esteja realmente em dificuldades.
Quando alguém está doente, realmente doente, tudo muda.
Remissão.
O valor do dinheiro?
Queria ser como uma criança com Deus.  Não sou. É uma pena.
Não me arrependo mesmo de estar acordada a essa hora. São 3h54 da manhã. Assistindo O presente. Filme inspirador.
Eu quero ser uma pequenina. E quero uma mãe. Mas, o tempo não volta assim.
“O maior presente que ela me deu foi a vontade de seguir em frente, de superar”.
Em qualquer processo que vale a pena passar ficará mais difícil antes de ficar mais fácil. Isso é o que torna aprender um presente. Mesmo que a dor seja a sua professora.
Construir uma biblioteca. Num local necessitado.
Levar Enzo para viajar sem dúvida.
Ensinar uma comunidade a ler. Qual? Como?
Reclusão. Por um tempo. Um bom tempo.
É tudo tão idiota. Aqui as coisas começam a parecer sem sentido. Tudo.
Quando eu realizei meu sonho era como estar indo pra casa, para um lugar que nunca tinha ido antes. Já sentiu isso?
Um dia percebi que se eu contasse sobre coisas reais ia parecer fantasia. Se eu contasse sobre as fantasias ia parecer real.
Pensar em borboletas. Deus as pinta, cada uma, com os próprios dedos.
Olhar as estrelas.
Coisas simples e grandes.
Meu sonho era um dia perfeito... Meu sonho era estar com pessoas que eu amasse, que se amassem e que me amassem...
Estou começando a desfazer complexos dispositivos traumáticos que me fazem amar demais pessoas que nem podem ser amadas desse jeito. Porque não são essas pessoas necessariamente os objetos desse meu amor. São lindas... Mas não são elas. Não mesmo mil vezes. Risos.
Quero um casaco e um gorro. Quero mais do que isso. Quero ficar bonita de casaco e gorro. Risos novamente.
Meninos não têm idéias. Adorei. Vou morrer sem melodramas. Muitos risos dessa vez.
Ei, você tem que entender uma coisa. Mesmo que não tenha sonho próprio, você realizou o meu. E isso conta muito.
Já assistiu a um filme e teve a sensação de não querer que ele acabasse?
Você tem que admitir: mesmo que não tivesse nada para escolher além dela, você ainda seria um grande vencedor. Não estrague tudo. Conhecendo você, é provável que faça isso.
Honestamente eu não sei se eu tenho o meu próprio sonho. Mas, sei que eu posso ajudar os outros a realizarem os seus. Disso eu não tenho dúvida.
Em minha opinião, o amor de amigo é sempre muito maior do que o amor de um homem ou de uma mulher.
Mas, será que Deus não pinta as nossas vidas, cada uma delas, com os dedos também?
Ah! Se a gente sempre confiasse e deixasse isso acontecer... Abrir o coração para a vida, e para o sim do amor.

sábado, 19 de abril de 2014

O que vai cair na prova, professor?



Se a vida é uma prova
Por que não tive aula ou revisão?
Nem sei do que se trata
E nem posso fazer recuperação.

A vida é avaliação
De quê mesmo, meu Senhor?
Porque não me lembro
De nenhum livro ou professor.

É folha em branco
Pra fazer redação
São perguntas e respostas
Sem prévia, sem lição

É por isso que eu opto
Por chutar ou colar
E tem outro jeito
Pra sair do lugar?

Nem pude perguntar
O que vai cair na prova, professor?
E estou apavorada
Desde quando começou

Esse zero é certeiro?
Então eu nem vou mais tentar
Levanto a mão: terminei,
Pode vir (me) buscar.



sexta-feira, 18 de abril de 2014

Coisa de gente doida?... Coisa de gente!!! Coisa minha!!

 
Saí da casa de minha mãe aos 22 anos. A primeira casa onde morei era um quartinho na laje de um prédio, muito pequenininho. Mas, de onde guardo muitas recordações e muito carinho. A segunda casa onde morei era linda. Eu e Adna dividíamos o aluguel, sempre. E dividimos as despesas com a mobília. Ficou espetacular. Tudo era lindo, mas o sofá era o que tínhamos de mais esplendoroso. Todo mundo que entrava lá pela primeira vez dizia: que casa linda!! a casa de vocês é muito linda!! E a gente ficava cheia de satisfação pela realização. Dava gosto mesmo.
Uma vez entrou um rato lá. Ficamos aflitíssimas. Espalhamos pega-tudo por todos os cantos da casa. Adivinha onde ele foi inventar de dormir? No sofá!! Ai, meu Deus do Céu! Ele roeu nosso sofá.
Até dava para esconder os locais roídos com as almofadas. Mas, lá no meu coração eu sabia que não era a mesma coisa, um rato tinha passado por ali e tinha feito estrago. Nem queria mais ver o sofá... Era o meu sofá, o rato não podia ter feito aquilo. Poxa!! Agora, não presta mais. É!! Parecia mesmo uma criança mimada que acaba de ver seu brinquedo predileto na mão de outra criança. Eu sou assim. Sempre! Mimada, birrenta, chata, ciumenta. Criança toda.
Não estava tão chateada pelo sofá em si, mas por não poder gostar mais dele como gostava antes, porque ele não era mais o mesmo. Aí, no coração, eu carregava o vazio do lugar do sofá de estimação, que agora tinha de ser desprezado. Eu queria a estima. O sentimento de estima me agradava. Não queria deixar de senti-la. Mas, já não podia mais senti-la porque o objeto da minha estima já não me causava tanta estima assim. O espaço vazio da antiga estima doía.
Por diversas circunstâncias depois disso, ou por imaturidade mesmo, pouco tempo depois, eu e Adna repartimos a mobília. Ela voltou para casa da mãe. Eu dei parte da minha mobília para minha irmã e outra parte para minha mãe, inclusive meu sofá. Minha mãe tem cachorro. O sofá é outro. Mesmo.
Fui morar sozinha numa casa menor. Até hoje não tenho sofá. E as saudades daquela casa é imensa. Era o meu lugar. Era o meu sofá, rato maldito.