sexta-feira, 18 de abril de 2014

Coisa de gente doida?... Coisa de gente!!! Coisa minha!!

 
Saí da casa de minha mãe aos 22 anos. A primeira casa onde morei era um quartinho na laje de um prédio, muito pequenininho. Mas, de onde guardo muitas recordações e muito carinho. A segunda casa onde morei era linda. Eu e Adna dividíamos o aluguel, sempre. E dividimos as despesas com a mobília. Ficou espetacular. Tudo era lindo, mas o sofá era o que tínhamos de mais esplendoroso. Todo mundo que entrava lá pela primeira vez dizia: que casa linda!! a casa de vocês é muito linda!! E a gente ficava cheia de satisfação pela realização. Dava gosto mesmo.
Uma vez entrou um rato lá. Ficamos aflitíssimas. Espalhamos pega-tudo por todos os cantos da casa. Adivinha onde ele foi inventar de dormir? No sofá!! Ai, meu Deus do Céu! Ele roeu nosso sofá.
Até dava para esconder os locais roídos com as almofadas. Mas, lá no meu coração eu sabia que não era a mesma coisa, um rato tinha passado por ali e tinha feito estrago. Nem queria mais ver o sofá... Era o meu sofá, o rato não podia ter feito aquilo. Poxa!! Agora, não presta mais. É!! Parecia mesmo uma criança mimada que acaba de ver seu brinquedo predileto na mão de outra criança. Eu sou assim. Sempre! Mimada, birrenta, chata, ciumenta. Criança toda.
Não estava tão chateada pelo sofá em si, mas por não poder gostar mais dele como gostava antes, porque ele não era mais o mesmo. Aí, no coração, eu carregava o vazio do lugar do sofá de estimação, que agora tinha de ser desprezado. Eu queria a estima. O sentimento de estima me agradava. Não queria deixar de senti-la. Mas, já não podia mais senti-la porque o objeto da minha estima já não me causava tanta estima assim. O espaço vazio da antiga estima doía.
Por diversas circunstâncias depois disso, ou por imaturidade mesmo, pouco tempo depois, eu e Adna repartimos a mobília. Ela voltou para casa da mãe. Eu dei parte da minha mobília para minha irmã e outra parte para minha mãe, inclusive meu sofá. Minha mãe tem cachorro. O sofá é outro. Mesmo.
Fui morar sozinha numa casa menor. Até hoje não tenho sofá. E as saudades daquela casa é imensa. Era o meu lugar. Era o meu sofá, rato maldito.

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