quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Recado da Painera

“Vejo minhas sementes voadoras seguirem adiante, ao sabor do vento. Com pequenos flocos de neve, elas seguem pela floresta e espalham quem sou. A princípio pensava que elas eram minhas, somente minhas, e cada vez que se destacavam dos meus ramos eu sofria. Por que deveriam se afastar de mim? Por que precisariam ir embora se são, para mim, tão caras? Por que deveria deixar que se fossem, uma vez que nunca mais retornariam? O mais curioso é que eu sempre sofria, e nada mudava. Atendendo ao convite da natureza, elas sempre se soltavam dos meus galhos e iam embora quando era chegado o momento. Nada mudava, inclusive minha dor. Hoje sei que faz parte de uma sabedoria maior, minhas sementes voadoras seguirem seu caminho. Já não sofro mais e me despeço com felicidade. Deixo que sigam, completando o ciclo da vida. Elas levam beleza a toda parte. Elas cumprem seu destino. E me levam consigo para onde quer que possam ir.”

Kau Mascarenhas

Um comentário:

  1. Amo cada dia mais esse recado! O sentimento de posse é terrível: tenho aprendido isso cada vez mais e melhor.

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