Eu estou sentindo falta de ter um amigo, por isso decidi escrever sobre você: José, mais
conhecido como Zezinho. Eu te vi pela primeira vez quando ainda éramos
crianças. Você estava começando a estudar a Bíblia e a entender sobre Deus,
lembra? Você devia ter uns oito anos ainda. Eu me lembro daquela sua amiga,
acho que o nome dela era Laura. Faz tempo, mas eu acho que era ela que tirava
suas dúvidas sobre a fé. Como ela está? Nunca mais a vi. Acho que eu nunca te
disse isso, mas eu gostava muito de passar o tempo contigo. Gostava dos seus
assuntos, e também do jeito como você pensava sobre tudo. Era como se pensar te
motivasse tanto que fosse a sua melhor brincadeira. Eu adorava isso. Como você
deve estar agora? Já se passaram quase 20 anos. E estou emocionada de poder
falar com você de novo e poder lembrar desses nossos momentos que vivemos
juntos. A nossa amizade, o nosso contato foi desfeito de repente e nunca mais
voltei a te ver. É claro que eu me lembrava de você constantemente e, sempre
que tinha oportunidade, mencionava alguma coisa sobre você. O tempo foi
passando e confesso que fui esquecendo, esquecendo, esquecendo... São tantas
coisas: ensino médio, desemprego, trabalho, faculdade, desemprego de novo,
namoro, família, busca por sentido. São tantas coisas. E você já não tinha mais
lugar em minha mente. E eu nem fiquei sabendo mais sobre suas descobertas sobre
Deus. Onde isso foi parar? Você continuou a pensar sobre isso, a buscar,
curioso, entendê-Lo? Você ouvia sobre Deus não como se Ele fosse comum. Cada
“graças a Deus” ou “Deus te abençoe” que você escutava te surpreendia. Qualquer
“Deus me livre” te chamava muito a atenção. E você queria saber mais e mais
sobre isso, sobre Ele, como algo completamente diferente de tudo o que você já
tivesse visto ou ouvido falar, não importava quantas vezes você escutasse esse
nome. Você era lindo, Zezinho. E era muito bom ser sua amiga. Quero te
encontrar de novo. Como faço? Você pode voltar? Acho que eu não te
reconheceria. Para falar a verdade, não me lembro muito bem das suas feições.
Lembro-me apenas que éramos duas crianças e que éramos felizes. E que eu sempre
ia atrás de você porque gostava de estar com você. Sempre buscava a sua
companhia. Você lembra disso? Lembrei que você tinha cabelos pretos, uma cabeça
meio redonda, e era branco e magro. Laura tinha cabelos curtos e castanhos,
meio avermelhado. Ela tinha sarda. Eu acho que ela também gostava muito de sua
amizade. É uma pena que eu não me dava muito bem com ela. Na verdade, não
tínhamos nada uma contra a outra, apenas éramos distantes. Nós duas só
ficávamos juntas porque tínhamos você como um amigo em comum. Sinto saudades,
Zezinho. Espero que, de algum jeito, você volte. Gostei demais de te achar em
minha mente e sentir de novo aquele mesmo carinho de sempre. Espero que a gente
se encontre o quanto antes. Eu amaria saber como você está e aonde aquele jeito
tão doce e tão impetuoso te levou. Deixo-te um abraço e espero que ele seja
poderoso para te trazer de volta para os meus dias, para as minhas horas...
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