domingo, 9 de janeiro de 2011

Quer entender?

Bem, sou adventista desde 1999. Mas meu adventismo tem um marco - uma viagem que fiz a Paulo Afonso-Ba, a fim de colportar. Portanto, eu poderia me referir assim: "meu adventismo antes de Paulo Afonso e meu adventismo depois de Paulo Afonso". Venho de uma família de sapos fervidos. Quer dizer, pensam que está tudo bem enquanto desmoronam de um precipício. Mais ou menos como sapos, que se forem colocados numa água morna permanecem ali achando tudo maravilhoso, ainda que esta água esteja em processo de fervura. Eles não percebem que a água morna não é sinal de que possam ficar confortáveis, mas de que estão sendo fervidos. Minha família são sapos dentro da água morna e se gabando de que estão no melhor lugar do mundo, enquanto, na verdade, caminham pra morte, estão sendo fervidos.
Eu era adventista de nome apenas, condescendente com todos os meus próprios desejos, racionalizando todos eles a fim de viver como se Deus me aprovasse em tudo, como se estivesse sempre tudo bem... Mesmo praticando coisas explicitamente contrárias a Sua vontade.
A igreja adventista ensina princípios, princípios bíblicos. Ensina o que é pecado e o que não é. Por exemplo, não congregar É PECADO. Desde quando há um imperativo bíblico claríssimo com as seguintes palavras: "Não deixeis de congregar...". Imperativo é ordem, pecado é transgressão das ordens divinas. É preciso deixar claro que tudo o que é destrutivo ao homem é pecado aos olhos de Deus. Deixar de congregar é pecado. Eu poderia racionalizar um monte, achando argumentos que provassem o contrário se eu não estivesse a fim de congregar, principalmente, se eu escolhesse pender para o lado de enfatizar todos os defeitos dos membros da igreja. Ah! Como eu ia encontrar bons motivo para não congregar! Mas, independente de todo o meu poder de persuasão, independente de meus ótimos argumentos, ainda que eu convencesse milhões de pessoas, deixar de congregar não deixaria de ser pecado. É bíblico! Ainda que, no início, eu não consiga entender os motivos de Deus, suas ordens sempre nos protegem de algum mal.
Um outro exemplo magnífico é a temperança. A temperança é um princípio. O que inclui dormir oito horas por dia, a partir de pelo menos duas horas antes da meia-noite. Comer apenas três vezes ao dia. Beber muita água. Beber muito suco da fruta nos intervalos das refeições. Deixar o consumo de alimentos cárneos. Estudar a Palavra de Deus diariamente, não de maneira corrida e apressada, mas durante um tempo de qualidade, como alimento imprescindível para a vida da alma. Entender que Deus é amigo e verdadeiros amigos conversam sempre; e, sendo Deus um amigo que é fonte de vida, a frequência e a intimidade devem ser bem maiores. Sem que você precise chamar atenção para si mesmo, sem precisar nem mesmo falar, deixar que o mundo inteiro ao seu redor perceba a sua transformação e que você é diferente, que você anda na contramão do mundo em tudo, faz absolutamente tudo de maneira diferente. Ler, ouvir e assistir somente o que te edifique física, mental, emocional e espiritualmente. Frequentar lugares que promovam sua fé e a habitação do Espírito em você; que não dê vazão aos sentidos... Tudo isso é temperança.
Ah! Eu poderia escrever, escrever e escrever e os hábitos nunca acabariam... Todos esses hábitos relacionados são baseados em princípios, princípios da Palavra de Deus. Para cada princípio existem um desenrolar de infinitos hábitos.
Se você tivesse que cumpri-los todos da noite para o dia, seria o caos. Seriam apenas um montão de regras chatas e limitantes. Mas, não! Tudo isso vai sendo gerado em você como extensão do fruto do Espírito. Para isso, congregar é extremamente necessário. Afinal de contas, querendo ou não querendo a gente sempre congrega. Se não na igreja, em outro grupo social. E, querendo ou não, vamos nos adequar a ele. Deus quer que pertençamos a um grupo que esteja caminhado a mesma caminhada, ainda que em estágios diferentes, mas que estejam indo a um mesmo lugar. E, nosso lugar é o céu. Será que se os homens fossem levados ao Céu com os mesmos hábitos que possuem na Terra, o Céu continuaria sendo o mesmo. Não! Não, porque Deus não faz magia com o homem. Ele respeita suas decisões e suas reservas; e, transforma o homem, mediante um processo educativo, onde a participação do ser humano é fundamental (por isso tanto estágios diferentes de comportamento entre o povo de Deus). Deus não faz como Sabrina com sua varinha de Cristal, ou seu piscar de olhos, e muda o coração do homem. Se os seres humanos fossem levados ao Céu com o mesmo caráter adequado a este mundo, o Céu se tornaria esta Terra. Deus quer mudar o caráter para te habilitar, te tornar apto para o Céu, o qual Ele protegeu de se corromper quando expulsou Lúcifer e seus anjos, e protegerá quando te deixar de fora por sua própria rebeldia aos princípios do amor e da paz.
Antes de ir a Paulo Afonso, apesar de me dizer adventista já há 4 anos, eu fazia tudo "que me desse na telha". E a grande maioria das coisas feriam princípios bíblicos em sua essência. O pior, é que para mim estava sempre tudo muito bem. Mas, não estava. Só pra você ter idéia, eu tinha tentado me matar cerca de três meses antes. Eu acreditava firmemente estar com Deus, mas absolutamente eu estava com minhas próprias razões e desejos. Nisso se centrava a minha vida. Até que...
(Para não ficar muito grande, eu continuo numa próxima postagem...)

3 comentários:

  1. Nossa! Por isso que gosto do seu blog. Toca no ponto certo... Eu preciso muito alimentar um melhor hábito de relacionamento com Deus. Tenho usado "argumentos" destrutivos para mim e com isso me afastando de Deus (de novo!). Vou meditar bastante no que dissestes aqui.

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  2. Que legal ver este blog salvando vidas!!!

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  3. A poucas horas tive acesso a este Blog, e já mim encantei com as palavras aqui postas, pois os seus textos são de tamanha profundidade, eles acredito podem ajudar a muitas pessoas a melhor servi a Deus.

    De modo especial este texto nos traz uma grande reflexão, ajuda na compreensão de que viver para Cristo é algo fascinante, e que temos de ser fiéis as nossas escolhas.

    Acredito que muito dos leitores podem se encontrar nas palavras que você sabiamente escreveu, eu mesmo pensei em deixar de congregar, pois não via sentido estar no meio de pessoas que serviam ao senhor e são detentoras de características nada digas de servo do Senhor. Contudo fui liberto e hoje sirvo com alegria e sei que sem congregar não poderia ser, mas feliz.
    Deus a abençoe, e que você continue a demonstra a sua FÉ ao mundo, pois este precisa de muitos testemunhos como este.

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